Em um mundo onde a única certeza é a mudança constante, nenhuma habilidade é mais importante do que aprender. E continuar aprendendo, sempre. Ok, isso é até óbvio. Mas… o que exatamente devo aprender? É aqui que entra nosso tema de hoje: o autodidata. E para falar sobre isso, quero começar com uma frase de Mark Twain:

Nunca deixei que a escola interferisse na minha educação

Mark Twain

Nada resume tão bem o que é um autodidata quanto essa frase. E para entender o porquê precisamos falar sobre o que é ser um autodidata.

O que é um autodidata?

A palavra vem do grego auto, que significa “a si mesmo”, e didaktos, ou “ensino”. Ou seja, você é o responsável por ensinar a si mesmo. Mas essa tradução literal esconde algumas nuances. E são elas que quero trazer para vocês. Um autodidata é quem:

1. Não concorda com o modelo de ensino vigente ou o considera insuficiente

O modelo de ensino atual foi criado há muito tempo, e pouco se evoluiu desde então. Mais do que apenas o modelo, o próprio conteúdo de escolas e universidades se mostra por vezes ultrapassado. E é fácil ver isso nos dias de hoje! Por exemplo, meu amigo que tem o melhor salário é um programador que trabalha para uma empresa nos Estados Unidos. Ele nunca fez faculdade, nem escola de inglês. Ele também tem o melhor canal de Live Coding do Brasil, para quem tiver interesse nessa área.

Da mesma forma, se você faz faculdade, mas acredita que o que aprende na faculdade não é o suficiente e faz algum curso por conta depois do horário, você é um autodidata.

2. Aprende da forma (e na velocidade) que funciona melhor para si

Seres humanos diferentes aprendem melhor de maneiras diferentes. E quando restringimos nosso aprendizado ao que vemos na escola (qualquer escola), estamos limitando não só qual conhecimento será transmitido, mas também a forma que será transmitido! Se você funciona melhor com vídeos e documentários, ou lendo, ou conversando com alguém, por que não utilizar essa forma de aprendizado mais do que as outras? Ou se você quiser justamente misturar várias delas, por que não aproveitar?

Além da forma, também tem a velocidade. Cada pessoa tem seu tempo de reflexão, ou seja, o tempo para processar, conectar e assimilar uma ideia. Para mim esse sempre foi um dos grandes diferenciais dos livros, por exemplo. O livro te permite parar para refletir e retomar de onde parou quando quiser e instantaneamente. Já quando estamos assistindo a uma aula ou palestra, por exemplo, ficamos restritos à velocidade do professor. Quer parar para pensar sobre um assunto? Esquece, se parar vai perder o restante do conteúdo.

Um autodidata não tem essas limitações na forma ou na velocidade do seu aprendizado.

3. Aprende por um custo extremamente baixo se for preciso

Escolas, universidades e cursos podem ser extremamente caros. Mas cada vez mais temos alternativas tão boas quanto (ou até melhores) e de graça (ou por um valor irrisório). Livros, digitais ou físicos, são um ótimo exemplo! Em geral são muito baratos e por vezes superam em qualidade diversos cursos e escolas de tema equivalente.

4. Escolhe com quem aprender

Esse ponto talvez é o que gere mais polêmica no autodidatismo. Um autodidata não é quem aprende sozinho. Se fosse assim, ele não poderia nem ler um livro (pois foi escrito por outra pessoa).

O autodidata é quem tem a responsabilidade de se ensinar, de decidir o que e como vai aprender. O melhor caminho é um curso online? Vai fazer o curso online! Para esse assunto começar por um livro seria bom? Então comece pelo livro! Mas aí vem o mais importante: falar com alguém é o que mais ajudaria nesse momento? Fale com alguém! Afinal, você decide o que e como aprender.

Disciplina: o calcanhar de aquiles do autodidata

Com tantas vantagens, porque ainda ouvimos tão pouco sobre isso? E, na verdade, quando paramos para analisar de forma fria e sincera, é fácil de entender.

A escola pode ter muitos defeitos, mas é uma rotina socialmente aceita. Você pode achar que o seu MBA podia ser melhor, mas já pagou e se comprometeu com ele. E por tudo isso, você vai. E, por mais que o método ou a velocidade deles não sejam as melhores para você, ainda assim você aprende algo e evolui (como pessoa e como profissional).

Disciplina não é algo simples (falo um pouco disso aqui). Ainda mais quando temos que mantê-la por muito tempo! Por isso, autodidatismo não funciona da mesma forma para todo mundo.

Nesse sentido, acredito que o ideal seja testar! Até porque você não precisa ser radical. Pode começar um curso ou ler um livro complementar e ainda frequentar seu MBA (principalmente se já pagou por ele).

Aprender a aprender: a mãe de todas as habilidades

Talvez a habilidade mais importante de um autodidata seja aprender a aprender. Como assume a responsabilidade por todo seu ensino, o autodidata precisa, de fato, aprender a aprender. E, se você se enxerga nesse caminho, queria deixar duas reflexões à partir de experiências próprias.

A primeira é que curiosidade é fundamental. Você tem que se considerar um eterno aprendiz e olhar para o mundo dessa forma. Você nunca vai atingir a perfeição. Não é como se você aprendesse a aprender e pronto. Você sempre vai poder aprimorar essa habilidade. E saber disso é libertador, pois te permite começar agora, aprimorar com os erros que virão (ao invés de se punir), e continuar evoluindo sempre.

A segunda é que você busque desenvolver sua habilidade de aprender. Normalmente buscamos algum conhecimento específico e esquecemos de aprimorar nossa forma de adquirir conhecimento. À longo prazo, isso faz muita diferença! Minha história com a leitura é um ótimo exemplo. Depois que comecei a desenvolver essa minha habilidade, consegui ler mais, mais rápido e absorver melhor o conteúdo. De 3 ou 4 livros no ano (no máximo!), passei a ler mais de 30. Aprender a aprender rende juros compostos absurdos! E desenvolver sua leitura pode ser um ótimo caminho para começar.


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